Autor(es): Cássio Renato da Glória Pereira dos Santos/Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá; Elen Diana de Almeida Coelho/Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá; José Hewton Batista/Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá; José Raimundo Bezerra Pastana/Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá.
Área do Trabalho: Ensino e Divulgação Científica
Modalidade: Painel / Poster
Devido rica diversidade cultural brasileira a Astronomia Cultural (Etnoastronomia) possui um ambiente fértil para se desenvolver no país. Trata-se de um campo multidisciplinar onde atuam antropólogos, astrônomos, historiadores, físicos, biólogos, etc. Estuda-se como antigas civilizações e comunidades tradicionais atuais constituíram seus conhecimentos sobre Astronomia – especialmente o movimento da Lua, do Sol e de estrelas. Neste campo de pesquisa, tão importante quanto reconhecer os astros e constelações próprias de cada cultura é compreender de que forma o contexto cultural das civilizações que constituíram conhecimento astronômico influenciou ou influencia a maneira como elas veem o céu. Alguns pesquisadores tem se dedicado a compreender de que forma este saber influenciou o desenvolvimento de técnicas e tecnologias por estas civilizações e comunidades tanto no sentido de usar o movimento das estrelas (constelações), Lua e Sol como marcadores temporais para prever períodos de cheias de rios e estiagem, por exemplo, quanto em afazeres cotidianos como atividades de caça, pesca, plantio e rituais, por exemplo. Especialmente no caso de indígenas brasileiros, o grupo tupi-guarani é o mais estudado e os estudos apontam a existência de um sistema próprio de reconhecimento do céu com a presença de constelações que normalmente remetem a animais da fauna brasileira ou objetos do cotidiano dos povos indígenas. Porém, a diversidade presente entre os povos indígenas também deve ser considerada dado os diferentes troncos linguísticos, as famílias que compõem esses troncos e suas distribuições geográficas pelo território brasileiro. Este pôster, apresenta resultados preliminares do Projeto “O Céu dos Povos Indígenas do Oiapoque” desenvolvido juntamente com os indígenas do Oiapoque-AP. Os resultados apresentados referem-se às etapas de pesquisa bibliográfica e duas viagens para pesquisa de campo realizadas na aldeia Kumenê – tradicionalmente habitada pelos índios Palikur – no primeiro semestre de 2013. Estas etapas de trabalho confirmam a presença de conhecimentos astronômicos entre os indígenas da região de estudo onde já foi possível constatar a presença de um sistema de reconhecimento do céu que difere bastante do sistema utilizado pelos tupi-guarani. Revelando, assim, o potencial do Amapá para o desenvolvimento de pesquisas nesta área. O estudo desta diversidade de interpretações do movimento das estrelas no céu noturno dadas pelos povos indígenas são importantes para a promoção de políticas de preservações do patrimônio cultural destes povos que se encontra ameaçado de desaparecer e também constituem bons temas para serem trabalhados em atividades de divulgação da Astronomia e ensino de ciências onde contribuam para a formação de valores de respeito a diversidade e a diferença. Isto é, promovendo uma educação para a diversidade conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Referências sugeridas:
As Constelações Indígenas Brasileiras. Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/6585607/399118078/name/indigenas%5B1%5D.pdf
Astronomia Cultural nas fontes Etno-Históricas: A Astronomia Bororo. Disponível em: http://snea2011.vitis.uspnet.usp.br/sites/default/files/SNEA2011_M3_Lima.pdf